O que torna um musical realmente agradável e tocante? Talvez
a trilha sonora? Obvio que sim , mas vai além disso, é um conjunto de fatores,
desde a produção envolvida , o roteiro que precisa ser bem construído para que
a própria história e as cenas de música se complementem, também a interpretação
dos atores que além de incorporarem o personagem também tem a missão de
cantarem e dançarem o que exige ainda mais dedicação, e é justamente por tudo
isso que considero esse filme o musical mais completo dos últimos anos:
Resumo: No Século XIX, o escravo Jean Valjean rouba um
pão para alimentar a irmã quando é preso pelo inspetor Javert , que passa a
perseguir o homem fazendo de tudo para encontra-lo a qualquer custo, anos
depois Jean Valjean constrói sua vida como fugitivo e se torna um senhor de
posses, ele salva a jovem Fantine , uma mulher que trabalha em uma fábrica para
conseguir mandar dinheiro para sua filha Cosete que vive como escrava com um
casal de trapaceiros, quando o segredo é descoberto a jovem é mandada embora se
prostituindo para poder sobreviver , Jean Valjean então salva a filha dela e a
cria como sua, mais a frente na história a revolução de Julho se aproxima e uma
guerra sem precedentes acontece.
O roteiro de Os miseráveis acompanha três fases da narrativa:
o início com a prisão do protagonista, a sua volta por cima ,a adoção da filha
e o momento onde ocorre a guerra alterando a vida dos personagens. Adaptado de
um dos musicais mais antigos da Brodway foi totalmente fiel mais inclusive do
que o próprio livro, tanto que são 3 horas de filmes inteiramente cantadas , a
direção de Tom Hooper é impecável nesse quesito intercalando inclusive com a
fotografia triste e sem vida de um povo miserável, canções inesquecíveis que
ficaram tão boas no palco quanto no cinema como : Do you hear the people sing
cantada por todos do elenco em uma das melhores cenas e I dreamed i dream
interpretada por Anne Hattaway em uma cena emocionante após sua personagem
Fantine ter sido estuprada.
Anne Hattaway rompe nesse filme a imagem de moça boazinha que
ela criou em filmes como O diário da princesa e o diabo veste prada, se tornando
um papel mais humano.È a primeira de suas personagens fora dos padrões por ir até as últimas consequências para salvar a filha, muitos
outros atores também romperam estereótipos e mostraram todo o seu talento nesse
filme como: Hugh Jackman que sempre
tinha papéis de heróis como na saga X-men, Wolverine e Van Helsing se tornando
aqui o ladrão Jean Valjean, Russell Crowe o vilão por outro lado tinha já uma
carreira extensa e grandes papeis como gladiador e uma mente brilhante e
continuou fazendo bonito como o maldoso inspetor, além de Amanda Seyfried como
a filha de Fantine com uma experiência grande já no musical Mamma mia e em outros
romances, Helena Bonham Carter como a maldosa vilã , impossível não associa-la
a Belatrix de Harry Potter, e muitos outros personagens marcantes, destaque
também para Isabelle Allen como Eponine jovem.
Além de um elenco de peso algo que chama muito a atenção é o
próprio cenário e figurino, algo muito bem trabalhado, exagerando nas cores e
texturas trabalho que ficou a cargo de Paco Delgado usando tons vermelhos ou
mais apagados dependendo da dramaticidade da cena, belas reconstruções também:
a igreja, as pequenas vilas da França, a fome e a miséria de uns em contraste
com a fartura de outros, representando muito bem o contexto de Revolução de
Julho época onde a opressão dominava os mais pobres e uma sensação de
liberdade existia no coração dos sonhadores.
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