“Se você for infeliz, fará todos a sua volta infelizes” Muitas
pessoas acreditam que todos seremos eternamente incompletos e que nunca
alcançaremos a realização eterna, porém outras acham que a felicidade depende
somente de nós e que é possível encontra-la quando passarmos a ver o mundo de
forma diferente, esse clássico de fantasia infantil utiliza elementos surreais
em forma de metáfora para nos fazer pensar delicadamente na felicidade e
nos erros que nos impedem de encontra-la.
O filme o Pássaro Azul de 1940 conta a história de Mytyl
(Shirley Temple) uma garotinha muito arrogante e egoísta que não dá valor a sua
família, quando ela e seu irmão Tytyl (Jonny Russel) descobrem que seu Pai irá
para a guerra deixam que uma tristeza e mágoa sem fim abale as suas vidas ,
porém naquela noite recebem a visita da fada Berylune (Jessie Ralph) que os
incentiva a encontrar o pássaro azul da felicidade, agora com a ajuda de Luz (Helen
Ericson) e de seus melhores amigos a gata Tylette (Gale Sondergaard) e o cachorro
Tylo(Eddie Collins) embarcarão em uma jornada de autodescoberta a procura do
pássaro em diversos lugares mágicos. Direção de Walter Lang.
O roteiro conta com diálogos extremamente emocionantes
repletos de lições de moral que os personagens aprendem em cada lugar que
conhecem, o diretor Walter Lang consegue agradar em cheio o público infantil e
ao mesmo tempo tratar de temas complexos como guerras, a destruição da
natureza, a morte e a ganância dos seres humanos, tudo representado pela visão
do espiritismo, já Shirley Temple não convence muito como a garotinha malvada já
que o público ainda tinha aquela visão doce dela em filmes como a pequena
princesa e a pequena órfã, já Jonny Russel possui uma ótima atuação como um
garoto amigo, leal e companheiro, destaque também para Gale Sondergaard como a
gata traiçoeira que fazia tudo para estragar os planos das crianças e Edddie
Collins o engraçado cão medroso.
Algo que dá o tom necessário para O Pássaro Azul é a
cenografia já que apesar de quase não
ter efeitos especiais ele possui uma ótima caracterização , as crianças
passeiam por dimensões repletas de personagens como fadas, castelos e até um
lugar que passa a impressão de ser o próprio céu, tendo inclusive crianças
vestidas de anjos.Um troque original de fotografia na época foi o efeito em
preto e branco no início do filme para apresentar a vida miserável de Mytyl e
tudo se torna colorido e alegre no momento em que ela passa a procurar o
Pássaro Azul.
As referencias espíritas são muito presentes, é como se a
fada Luz fosse um espírito de bondade que viesse para proteger as crianças,
entre os locais visitados por elas estão a casa dos avós que já faleceram e que
sempre acordam no momento em que as crianças se lembram deles , depois eles
conhecem o famoso país da fartura onde encontram todas as riquezas que precisam
mais começam a se desentender cada vez mais mostrando que o dinheiro pode
destruir a vida de alguém , visitam uma floresta que passa a se destruir devido
a interferência do homem na natureza e no final conhecem um lugar semelhante ao
paraíso onde várias crianças embarcam em um navio com destino a terra pois
serão as próximas a nascer, tudo muito tocante.
As roupas dos personagens nos dá a impressão de que eles saíram
de livros infantis, a trilha possui sons calmos e melancólicos ao mesmo tempo
combinando bem com a temática espírita, apesar de ser considerado um filme raro
e difícil de ser encontrado ou visto na televisão ele marcou a infância de
muitas pessoas, foi no entanto um fracasso
de bilheteria já que estreou no ano seguinte ao clássico Mágico de Oz e foi
considerado uma cópia devido a semelhanças no roteiro, mas com o tempo acabou
se tornando também um clássico Cult, apesar de existirem outras 3 versões
considero essa a melhor já que transmite muito bem a ideia que o criador
Maurice Maeterlink quis nos passar sobre o espiritismo, um mundo onde nada mais
importa a não ser fazer o bem!
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