Uma história nostálgica sobre a luta
e as batalhas do dia a dia!
Nome do
livro: Éramos seis
Autora:
Maria José Dupré
Editora: Àtica
Páginas: 293
Preço: R$
47,90
“Mas eram meus, verdadeiramente meus naquele tempo e, apesar
de darem trabalho, pois quatro filhos dão muito que pensar para quem tem pouco
dinheiro, eu me sentia feliz muito feliz. E nunca me esqueço do que me disse
uma senhora que tinha três filhos moços: “que saudades eu tenho do tempo em que
eles eram pequenos, eram tão meus” Pág 10.
Comparada a Margareth Mitchell , Maria José Dupré é uma
escritora Brasileira que possui como principal característica a narrativa
descritiva nos mais profundos detalhes, além de seus livros mais conhecidos
representarem um contexto histórico do Brasil
como em Luz e Sombra, também escreve livros infantis como é o caso da
série as aventuras do cachorrinho samba, no caso de Éramos seis além da
descrição detalhada dos personagens e suas características podemos observar o
contexto histórico de Revolução no Brasil e também o protagonismo feminino por
parte da personagem Lola que passa a vida cuidando do marido e dos filhos,
retratando o drama de muitas mulheres , o sofrimento e o sonho da casa própria.
Na história Lola é uma dona de casa que luta para pagar as
prestações de sua casa na Avenida Angélica, ao lado de seu marido Júlio que a
faz sofrer muito devido ao seu alcoolismo e seu gênio forte, também possui
quatro filhos: Carlos o mais doce, Izabel que possui uma personalidade difícil
como o pai, Julinho o mais ambicioso e Alfredo que vive dando problemas desde o
início, além disso os parentes de Lola como suas irmãs Clotilde e Olga e sua
Tia Emília também fazem parte da história, devido a sua pobreza e sofrimento
Lola sempre busca consolo e apoio em sua vizinha e melhor amiga Dona Genu.
A história é retratada em 3 fases: A primeira na infância das
crianças e as dificuldades junto de seu marido Júlio, depois a vida adulta dos
filhos de Lola e os problemas que ela passa para ajuda-los, e no final sua
velhice quando os filhos também já estão mais velhos, podemos dizer que o
cotidiano e o dia a dia das pessoas daquela época é muito bem representando, em
um momento onde existia amor, amizade, inocência e a nostalgia se faz muito
presente a medida que vemos na história de Lola o drama de muitas famílias,
como nossas mães ou avós que lutaram muito para criarem os seus filhos.
“Nesse mesmo ano, no dia do meu aniversário, recebi de Clotilde
três caixinhas de figos secos, três “tijolos” de goiaba (pedindo desculpas
porque dessa vez saiu puxa-puxa) e três latinhas de doce de marmelo. Olhei tristemente
pensando: “Quem havia de dizer”! Somos apenas três, e Éramos Seis!” Pág 256.
Os personagens são muito bem construídos, é possível ver em
Lola a figura de mãe, esposa e da mulher forte e batalhadora que faz tudo pela família, Já Júlio um homem
frustrado por não conseguir dar certo na vida ou por ter errado como pai, os
personagens crescem, evoluem, vivem tudo o que uma família comum passa e ao mesmo
tempo o livro retrata temas como machismo, o socialismo,a guerra, a vida e a
morte, o desquite assunto que era um tabu naquela época, os valores e os
ensinamentos de nossos pais que passam de geração em geração, tudo o que
perdemos através dos anos e do passado, antes tínhamos nossa família, porém
hoje tudo não passa de lembranças.
Temos que lembrar também que a história já foi adaptada duas
vezes para a televisão, a principal delas em 1994 foi exibida pelo SBT e teve
como a protagonista Dona Lola Irene Ravache que fez uma bela interpretação como
a mãe que sofria muito.
O livro é dramático e extremamente nostálgico, é ótimo para
refletir sobre a vida e os problemas que passamos em nosso dia a dia, nos
tornamos mais do que leitores parte daquela família e daquele sofrimento , ao
mesmo tempo que torcemos pela protagonista conseguir realizar seus sonhos, no
fundo do nosso coração nós também temos um pouco deles, pois a nossa família é
de alguma forma como aquela.
Maria José Dupré
Maria José Dupré, ou Sra. Leandro
Dupré como assinava em seus livros (Ribeirão Claro, PR, 01 de maio de 1898 -
Guarujá, SP, 15 de maio de 1984) foi uma escritora brasileira.Nascida na
fazenda Bela Vista, na época município de Botucatu, hoje município de Ribeirão
Claro no Paraná por estar muito próxima da divisa entre São Paulo e Paraná,
Maria José foi alfabetizada pela mãe e seu irmão. Ainda em Botucatu, estudou
pintura e música. Mudou-se para a cidade de São Paulo, onde cursou a Escola
Normal Caetano de Campos, formando-se professora. Sua vida na literatura começa
após casar com o engenheiro Leandro Dupré. Foi contemporânea de nomes como
Érico Veríssimo, José Lins do Rego e Viana Moog, numa época em que as mulheres
intelectuais apenas começavam a exercer alguma atividade profissional (Crédito: Biblotecanja).