O filme o auto da compadecida marcou para sempre o cinema Brasileiro e completa 20 anos amanhã, lançado em 2000, é uma adaptação da peça escrita por Ariano Suassuna de 1955 retratando a realidade do povo Brasileiro de maneira divertida e popular, inicialmente produzida como uma minissérie de 4 capítulos, tendo um enorme sucesso em sua exibição na TV Globo, a obra foi adaptada para o cinema e se tornou um clássico apreciado até hoje. Conta a história de Chicó e João Grilo, dois nordestinos que vivem dando golpes, enganando diversas pessoas de um vilarejo, inclusive o cangaceiro Severino, a produção foi filmada em Cabaceiras no Sertão da Paraíba com o objetivo de parecer fiel a obra de Suassuna, mas o que torna esse filme tão bom é atemporal até hoje?
A essência do povo Brasileiro: O filme consegue abordar de forma natural, o jeito alegre do Brasileiro conduzir a vida, mesmo com tantos sofrimentos, os personagens principais João Grilo e Chicó sempre inventam mentiras e confusões para que possam de alguma forma tirarem algum proveito e nunca perdem o bom humor e a vontade de viver. Apesar de serem muito pobres e enfrentarem a miséria durante a sua vida, os diálogos divertidos trazem esse estilo popular a narrativa.
A caracterização: A proximidade com o povo Brasileiro também fica evidente por conta da cenografia, dos figurinos que lembram muito as cidades nordestinas, fugindo das grandes metrópoles e dos cenários caóticos da cidade. O filme consegue apresentar de forma realista uma cidade pequena, sem grandes inovações, onde os personagens encontram esperança através da religião e são acostumadas com suas vidas cotidianas, lugares pobres, simples, ficam evidentes no filme que consegue mostrar isso através das roupas e dos cenários.
A religiosidade: Além de uma representação da cultura popular, o filme também homenageia a fé e a religiosidade de nosso País, apesar de possuir duras críticas aos líderes que utilizam da religião para tirar proveito próprio, a história consegue expor de forma muito bela, personagens como Jesus Cristo e Nossa Senhora, além do próprio demônio. A cena do julgamento é realmente icônica e emociona até mesmo quem não é Cristão, mostrando também de alguma forma que todas as pessoas possuem erros ou falhas, que ninguém é somente bom ou ruim.
Os personagens: Não há como negar também, que os personagens criados por Suassuna são incríveis, assim como a interpretação dos atores na adaptação dos mesmos, a começar por Selton Mello e Matheus Nachtergaele como Chicó e João Grilo, a química e o carisma dos dois rendem ótimos momentos, mas não para por aí. A história conta com grandes nomes como Denise Fraga e Diogo Vilela como o padeiro e a esposa, têm também Rogério Cardoso e Lima Duarte como o padre e o bispo.
O ator Marco Nanini que faz um ótimo personagem como o cangaceiro Severino, com direito a um olho falso de vidro, a personagem Rosinha vivida por Virginia Cavendish teve uma participação muito maior no filme do que no livro, o grande destaque porém, é o papel forte de Nossa Senhora interpretada por Fernanda Montenegro, os gestos, os olhares, a forma singela de falar, tudo emociona nessa personagem. De fato , o auto da compadecida é uma obra atemporal, que despensa comentários, divertida, emocionante, um dos melhores filmes Brasileiros de todos os tempos, que vale a pena ser visto e revisto sempre!!
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